sábado, 23 de outubro de 2010

So... Borderline, OCD, or whatever tha fuck that might be

Este é o tipo de texto impublicável, ou que se publica com um pseudônimo, para atender às necessidades da voz na minha cabeça – no kidding – me orientando a manter a compostura e não manchar minha imagem com uma fraqueza como um distúrbio de personalidade. Enquanto não decido qual será o canal mais confortável (ops, I’ve just posted it!), vou escrevendo (sim, pode ser apenas como forma de tratamento, ou só para praticar minha digitação sem precisar conversar com idiotas no MSN, GTALK ou outros), salvando, relendo e pensando. Eu preciso disso, sempre precisei, comecei aos 12 e parei aos 13, mas me permiti recomeçar. Assim, este blog e estes textos podem me ajudar, entretê-los (não se preocupem, não costumo soar tão depressiva, é mais como um tipo de humor negro) e até ajudar (com uma pretensão limitada) quem mais se sinta assim e queria rir de si.
Não se engane, não é fácil recomeçar a escrever (convido e desafio quem esteja lendo), muito menos abrir o que se sentia ou pensava antes de se tornar adulto, dói muito encarar algumas frustrações e dói ainda mais admitir que se sente dor. Além do fato de que existe aquela voz que reside na minha cabeça praticamente dominando minhas decisões sobre o que eu posso fazer e achar a meu respeito. Como disse, embora este texto e os seguintes possam parecer um tanto depressivos, escritos por alguém de baixa auto-estima tentando desesperadamente se entender e fugir das armadilhas da depressão – às vezes não sei quando é aquela voz falando ou quando sou eu – vou ter um pouco mas de coragem do que tive nos últimos anos e vou escrevê-los do mesmo jeito, podem deixar que vem acompanhados de conclusões interessantes e uma incrível capacidade que tenho de rir da minha desgraça e da dos outros. A que for mais engraçada no momento, sem julgamentos morais. Então continue lendo, depois vemos no que vai dar, combinado?
Voltando ao objeto do texto (e da sequência que esta por ser escrita), preciso e vou descrever o que penso a meu respeito e a respeito do mundo e das minhas expectativas, pode soar cansativo e “self-centered”, mas não se engane, além de bem humorado garanto que muitos se identificarão com boa parte destas reflexões, embora o objetivo principal seja me entender – devo ser franca – muito provavelmente eu possa ajudar outros perdidos, vítimas das mesmas mazelas psiquiátricas, a se entenderem.
Pois bem, comecemos por algumas taças de vinho para catalisar a coragem que vem se instaurando nos últimos meses e com um ano de mudanças. É preciso estar sozinho e, para quem tem certas vozes de comando internas, levemente alcoolizado para abrir a mente. Comecemos por esse ano de mudanças: a partir de iniciativas aparentemente superficiais, uma avalanche de questionamentos se instaurou em mim. Possivelmente para melhor, mas ainda é cedo para dizer. Comecei o ano com um projeto que aparentava ser maravilhoso (ainda pode ser), um Mestrado, muito bem reconhecido, que muito exigiria de mim, mas que em compensação muitos frutos me trariam. Nunca tive a ingenuidade de que os frutos que cairiam da árvore seriam amoras doces e maduras, sempre soube que eu treparia num pé de jaca alto e espinhoso para gritar lá de cima “ei, eu sou muito boa no que faço e tenho um certificado que o prova!”, para então comer um pedaço de jaca fedorenta e rançosa, até que finalmente me oferecessem o tão esperado suprimento de amoras. Mas, come on! Quantas vezes vou ter que cair e me machucar até escalar o topo da árvore? Já entendi, já estou me superando, já engoli meu orgulho over, and over, and over again, não me queixo das noites perdidas, stress de provas, trabalhos, pressão para produzir, competição entre colegas (ops, desculpa, era segredo! Ninguém está competindo, tá?), estou assimilando tudo como crescimento e amadurecimento, mas nunca pensei que eu fosse questionar tanto a meu respeito, do que eu quero, do que eu sou capaz, por causa de um projeto acadêmico. Não sei mais se isso prova o quanto isso é importante para mim, o quanto é parte do que eu sou ou... se expõe o quanto eu não sei o que eu sou. Ok, now it’s getting depressive again, back to the point.
Mais uma mudança: impus-me a meta de até o final do ano mexer my fat ass (it’s pretty skinny, actualy) e sair da casa dos meus pais. Não é impulso adolescente retardado, devo me defender aqui, por alguns anos era financeiramente confortável, eu guardei dinheiro para comprar um apartamento e investir, mas por alguns anos eu me escondi atrás desta desculpa pelo PAVOR de virar adulta. Mas este pavor deveria acabar e a melhor forma de fazê-lo era o enfrentando, assim, cá estou em um apartamento alugado (o tal do dinheiro guardado está parte empregado na quitação de uma dívida de um apartamento na planta, parte... I have no freaking idea where, to be frank), praticamente vazio, sujo (preciso contratar uma diarista) e sem a menor motivação de fazer todas as coisas legais que eu planejava quando finalmente saísse de casa. Mas falemos disso em outra ocasião, ainda há esperança de me divertir com isso, vamos ver o pode ser da minha vida social daqui pra frente, se finalmente vou poder (com quase 30!) cozinhar um miojo sem queimar. Sem eufemismo.
Outra nova deste ano: o que me faz feliz. Me permiti não dar ouvidos àquela voz por um instante e voltei a estudar piano e a nadar. Sempre amei estas duas atividades, sempre me fizeram um bem inexplicável, uma sensação positiva, de felicidade, praticamente... humana. Ainda sinto medo de avançar, ainda tenho pavor de que me ouçam tocando, ainda acho que sou péssima em ambos, apesar do que qualquer um diga, mas me permito ser medrosa por hora e fazê-las exclusivamente para mim. São as únicas atividades que me despertam um sentimento bom e forte, que me dão coragem de assumir que tenho medo de mostrar para os outros, se é que isso faz algum sentindo, me fazem querer fazer o que quero, independente da voz. Que seja esconder de todo mundo, whatever.
Agora voltemos ao que começamos a tratar aqui. Algumas outras ocupações da minha vida – como meu trabalho, por exemplo – me fazem feliz, mas de outra forma, eu preciso das mesmas, sem elas, não existo. Mesmo, não falo só de salário pra não morrer de fome e deixar de existir, me refiro à sanidade mental. É aqui que entro numa zona nebulosa, não sei até que ponto as executo de maneira compulsiva, para me acalmar e me garantir um porto seguro, ou porque realmente fazem parte do que gosto e do que sou. Eu sei que preciso executar algo certo, previsível e coordenado (até em certo ponto repetitivo), para não desmoronar, para me sentir segura e controlar a ansiedade, mas não pode isto também me fazer feliz? E se o faço bem, com prazer e me traz reconhecimento, não posso gostar deste reconhecimento, preciso “assumir” o tempo todo que não vivo sem reconhecimento, que sou carente e preciso disso? Sim, dói assumir qualquer tipo de carência, é o fator que afirma a existência de carência, mas e se além de saciar esta necessidade, me faz feliz, o que há de errado?
Assim, fico pendendo entre uma euforia ansiosa e neurótica de fazer mais, de cumprir as tarefas que me trazem reconhecimento, como pipoca estourando na panela, como um rojão queimando pólvora num barulhinho ansioso, prestes a explodir e uma bola de ferro depressiva amarrada no meu pé, atada às correntes que seguram minhas mãos, impedindo a explosão do rojão. Sinto algo que me segura firme pelos braços e fala em uma voz clara e nítida, um belo e sonoro NÃO. Não sei. Não sei qual rótulo abraço para me sentir melhor “diagnosticada”, se isso faz diferença ou se se pode tratar tudo a respeito disso ao mesmo tempo. Meu terapeuta tenta, eu o ajudo sempre que posso. Por enquanto tu, querido Microsoft Word 2007, tu, blogger.com e vocês, pacientes leitores, serão mais algumas das ferramentas obsessivas e neuróticas que adquiri, sejam bem vindos.

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