terça-feira, 26 de outubro de 2010

No monsters under your bed!

“Do it for the living and do it for the dead
do it for the monsters under your bed
do it for the teenagers and do it for your mom
broken hearts hurt but they make you strong and …”
Plagiei da minha irmã a técnica de intercalar narrativa com letras de música que eu gosto. Isso pode até ter um nome, ou ter sido uma brilhante invenção dela (adorei), mas como não conheço, simplesmente plagiei dela. Ah! E nesse caso é com uma só. Bem, pensei em uma menina que começasse do zero, não do zero total, não que nascesse de novo, ou voltasse ao útero – isso não faria o menor sentido – mas como em um filme legalzinho da década de oitenta, uma menina que pudesse viver até um ponto e voltar, acordar de novo num momento crucial na adolescência ou pré-adolescência onde nada daquilo começou, para ter uma segunda chance e recomeçar. Não sei bem o que recomeçar, mas pelo menos fazer diferente mais experiente.
                Não, ela não estaria arrependida de tudo que fez dali para frente, só queria testar como seria se fosse de outro jeito, talvez mais experiente, ou só com menos coisas na cabeça. Mmmh, isso foi contraditório, vamos reformular. Ao invés de ela poder voltar no tempo e recomeçar a partir de um ponto passado da vida só que com mais experiência – c’est très clichê – ela poderia simplesmente testar como seria de outro jeito (com memória de como já foi em outro caminho), just for the fun of it, mas dessa vez com menos preocupações e cobranças e exigências e ansiedades. Só leve e com o que se quer fazer na cabeça. Ela pode ter responsabilidade, não precisa liberar-se de qualquer resquício de superego – isso seria anarquismo psicológico e moral, Maquiavel, sei lá, mas de qualquer forma não tem nem graça, não faria sentido para se aproveitar – mas apenas mais leve já bastaria. Como teria sido?
“how's it gonna be?
i'll drop kick russell stover, move into the starting over house
and know matt rouse and jest are watching me achieve my dreams”
                Poder-se-ia escolher mandar para o inferno qualquer pessoa que impusesse vontades sobre si, deixar que cada um lide com sua voz interna se reprimindo e ordenando, mesmo que as vozes dos outros transbordem, ela não deixaria que estas a contaminem. A partir daquele ponto em que ela passou a assimilar e definir a sua voz interna repressiva, parabéns! É como se tivesse virado adulta, mas na verdade só deu continuidade aos problemas dos outros dentro de si. Então, vamos voltar antes disso, ao ponto em que ela recomeça. Ela pode escolher estudar o que quiser e ler o que quiser, simplesmente porque lhe faz bem e tudo que se faz com muito amor e com muita vontade só pode dar certo, em um aspecto ou em outro. Então ela caminha sozinha, pois todos os outros a sua volta não entendem como se vive sem uma voz de ordem, e se sente só no começo, mas seus próprios talentos a fazem companhia, até que ela encontre outros que devem pensar parecido.
“we're just dancing, we're just hugging,
singing, screaming, kissing, tugging
on the sleeve of how it used to be”
                Ainda assim tudo pode dar “errado”, as pessoas podem ir e vir, pode ser difícil confiar em alguém, pois quando se é mais instável as pessoas a tua volta também serão, mas ainda que tão difícil quanto aquele outro caminho que ela traçou e testou – antes do recomeço, se lembram? – há grandes chances de ela ser mais feliz, pois é com os mesmos pesares, mas mais honesto e na tentativa de se fazer o que a faz feliz e não só o que se acha certo.
“and we'll pray, all damn day, every day,
that all this shit our president has got us in will go away
while we strive to figure out a way we can survive
these trying times without losing our minds”
                Até que ela volta para o ponto onde ela decidiu recomeçar e vê que tudo não é tão diferente assim, mesmo com o que se passou na primeira tentativa, com all that struggling de se livrar daquela vozinha incorporada (a qual já conhecemos muito bem), ela ainda é quem ela é, talvez mais livre em alguns aspectos, mas ainda com pessoas que ama a sua volta e ainda querendo fazer mais e ser mais, sempre ambiciosa, mas talvez podendo, ao invés de recomeçar de novo e de novo, apenas começar daquele ponto mesmo com uma forma diferente de pensar. Mas agora valorizando mais quem ficou a sua volta em ambas as versões de sua vida.
“so if you wanna burn yourself remember that I LOVE YOU
and if you wanna cut yourself remember that I LOVE YOU
and if you wanna kill yourself remember that I LOVE YOU
call me up before your dead, we can make some plans instead
send me an IM, i'll be your friend”
                Ok, assumo, conhecendo como muita coisa aconteceu, talvez ela tivesse driblado alguns contratempos e tirado proveito de algumas situações, mas não queremos um 1985 alternativo do Marty McFly, queremos? Então as coisas das quais ela realmente teria tirado proveito sem atrapalhar (muito) o time-continuum não teriam feito muita diferença de qualquer forma, então para que recomeçar, mesmo? Por que não começar deste ponto de reflexão, olhar para quem a apóia e mudar o futuro em relação ao futuro alternativo de se fazer a mesma coisa que se fez até agora?
“we won't stop until somebody calls the cops
and even then we'll start again and just pretend that
nothing ever happened

we're just dancing, we're just hugging,
singing, screaming, kissing, tugging
on the sleeve of how it used to be”      
- - Loose Lips, Kimya Dawson

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