segunda-feira, 13 de junho de 2011

Grey

  Algo de muito errado está acontecendo... Não comigo (desta vez), pessoas que eu amo estão sofrendo muito, mas parece que tem sido uma avalanche, uma fila de peças de dominó, uma a uma desmoronando e eu não sei o que fazer. Queria poder entrar na cabeça de cada uma, no coração de cada uma e tirar a unha o que quer que esteja as afligindo (now that was disgusting), simplesmente virar um grãozinho microscópico, entrar pelo ouvido, chegar até o cérebro (não me pergunte como chegar lá... nem como encolher) e desativar esse pedaço da memória em seu cerebelo, ou desativar esse sentimento em seu córtex frontal (nice, o que cada parte do cérebro faz eu sei, mas como chegar do ouvido ao cérebro, ain't got a clue!), mas como não posso o que fazer?
  Meu melhor amigo, uma das pessoas que mais amo no mundo está sofrendo, muito, e eu não sei mais no que ajudar. Não me digam para conversar, estar lá, dar apoio, eu quase o faço enjoar da minha voz dos meus e-mails, de tanto que eu o persigo, mas... ele não quer mais conversar. Ele não querer falar me dói mais que se ele falasse alguma atrocidade, falasse em suicídio, em assassinato, em sumir do mapa, porque pelo menos se ele desabafasse atrocidades eu saberia o quão mal ele está, falaria alguma coisa ou só o abraçaria até parar de chorar, daria uma injeção de Valium, qualquer coisa, mas se ele não quer nem falar... não sei. Não sei o que se passa na cabeça dele, não sei até longe ele foi em seus pensamentos e não sei o que posso fazer para amenizar a dor. Acho que é assim que mãe deve se sentir quando um filho está com dor, não se tem o que fazer, dá-se remédio, um beijo na testa e?... Horas, dias, meses de agonia até surtir efeito, com uma vontade de arrancar a dor a força da criança, não se tem mais o que fazer.
  E agora? O que fazer? Não tem remédio, o remédio ou o médico que poderiam ajudá-lo ele não quer nem ouvir falar; não tem beijo na testa, ele não quer me ver; não se tem o que fazer.

Cai chuva do céu cinzento
Que não tem razão de ser.
Até o meu pensamento
Tem chuva nele a escorrer.
Tenho uma grande tristeza
Acrescentada à que sinto.
Quero dizer-ma mas pesa
O quanto comigo minto.
Porque verdadeiramente
Não sei se estou triste ou não.
E a chuva cai levemente
(Porque Verlaine consente)
Dentro do meu coração.

Fernando Pessoa, 15-11-1930.

  Não posso culpá-lo por não querer sentir nada, eu adoraria não me importar com ninguém, nem comigo mesma para não sofrer. Adoraria não me importar com besterias que os outros dizem, com o que esperam de nós, nem com o futuro que eu espero ter; queria não me importar com a solidão e com a falta do que eu nem lembro direito o que é me faz (não estou falando de sexo, suas mentes deturpadas... ou pelo menos não só de sexo); adoraria não dar a mínima, not a single fuck. But I can't.
  We are doomed to suffer, but we are also gifted with pleasures that can only be estimated after some grieving.
  At least it is in that I believe...

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